Finalmente acabaram as aulas!
Quando somos pequeninos as nossas férias de verão chamam-se férias grandes.
Nem sabiamos nós a sorte que tínhamos. Mal chegava a Setembro já nos apetecia voltar à escola e ainda tinhamos mais um mês de férias, que eu sou do tempo das aulas começarem a 3 de Outubro.
Mas voltando às férias.... Nós íamos sempre ao Norte.
Lembro-me de brincar tanto, de explorar tanto. Lembro-me de carregar o carro de véspera e práticamente nem dormir nessa noite na expectativa da viagem.
Íamos todos os anos para a quinta dos avós. E que férias maravilhosas nós tínhamos, os meus irmãos e eu.
A viagem era gigante. Saíamos de casa pelas 5AM porque o pai queria passar o Porto antes do trânsito da manhã, mas havia sempre um percalço, o Bruno (meu irmão mais novo) enjoava sempre em Viseu, e lá tínhamos que fazer o pit stop da praxe, não esquecendo as escalas técnicas para os xixis.
Chegávamos a Vila Real pela hora de almoço, e aqueles 30 minutos até Paços (aldeia onde fica a Quinta das Pires) eram um excitamento em que tudo no caminho já nos era tão familiar.
Havia sempre uma festa a nossa espera. Avós, tios, primos, alguns vizinhos e amigos... beijos e abraços, saudades imensas e a conversa de sempre: ”estás tão crescida!!”, ou “ainda te lembras de mim?”. “Claro que me lembro!” (As vezes não me lembrava, mas dizia sempre que sim. Aliás, ainda faço isso). O que nós queríamos mesmo era ir brincar com os primos, que eles é que eram da nossa idade.
E lá íamos todos em escadinha dizer olá aos cavalos e aos burros, ver os coelhos e apanhar os ovos do galinheiro, passear pelas vinhas e comer uvas à socapa diretamente das videiras, que sabiamos lá nós que tinham acabado de ser sulfatadas (valha-me Deus). Também adorávamos subir às ameixeiras e comer as ameixas ainda quentes do sol (nem vale a pena falar do estado das nossas barrigas no dia seguinte). O melhor de tudo eram os banhos no tanque. A água estava sempre gelada, mas o calor cá fora era tanto e sabia tão bem.
Embora fosse verão íamos à lenha e acendia-se a lareira. Não era sempre, mas era típico porque não era uma lareira como as que conhecíamos, era uma mega fogueira na cozinha, com uma chaminé tão grande que parecia ter saído das histórias de encantar. Até a sopa que se cozinhava no pote de ferro à lareira tinha um sabor diferente.
As minhas férias grandes eram maravilhosas. A Sonia (minha irmã mais velha), o Bruno e eu temos muito boas recordações das nossas férias grandes.
A hora de vir embora já trazia um sabor amargo, era cheia de promessas de cartas que havíamos de escrever uns aos outros durante o ano; lágrimas, beijinhos e abraços à mistura. O carro mais uma vez carregado, mais carregado ainda... com batatas, azeite, pão de Favaios e bola de carne. Caixas de fruta, nozes para o Natal (se chegassem até lá), uvas e garrafões de vinho (das uvas que em anos anteriores andámos nós a pisar).
Aos meus filhos nunca consegui proporcionar umas férias como as minhas. Eles nunca conheceram os meus avós e eu nunca mais fui à quinta.
Também a minha vida profissional não me permite ter sempre ferias em
Agosto, e optámos sempre por viajar de avião e conhecer outros países. Este ano tínhamos nos nossos planos a California e Hawaii, mas vamos tirar partido do nosso país e daquilo que a vida nos dá.
Vamos carregar o carro e fazer umas férias grandes à antiga.
E as vossas férias, como vão ser?
Boas férias!
Follow: www.instagram.com/andreiampessoa
Eu vou ter com vocês!!
ResponderEliminarCombinado! ☺️
Eliminar