Imperfectly perfect

 

Famílias perfeitas. 

Será que existem mesmo? 

As familias perfeitas não são sempre perfeitas. Desengane-se quem pensa que assim é. Os casais quando se apaixonam, vivem num estado de graça, dentro de uma bolha. Isolam-se do resto do mundo e acreditam no “amor e uma cabana”. À medida que a relação se vai estabelecendo, a paixão esbate-se na rotina própria do dia a dia e dá lugar a alguns momentos de paixão. A maturidade faz-nos perceber que afinal ninguém vive do tal  amor e uma cabana e é aí que começa a realidade. Damos conta daqueles defeitos que viamos no outro e que sempre achámos que íamos conseguir viver com eles (vamos mesmo, mas nos dias de TPM até esses defeitos vêm à baila só porque nos apetece implicar). Os filhos são outro grande desafio. A maneira como educamos: “é à minha maneira ou à tua maneira? É que eu não tenho culpa de a tua mãezinha (aqui entra o “inha” só para irritar ainda mais) não te tenha ensinado.” Depois há as contas para pagar, as idas ao supermercado, o ter que cozinhar todos os dias (o que de início é um gosto depois passa a ser banal)... as birras dos miúdos (que me deixam louca, mas depois quando eles estão a dormir tão amorosos até me apetece acordá-los só para os encher de beijinhos), os tpc (malditos tpc tão obsoletos e que dão cabo dos serões das familias todas do país), as noites mal dormidas, as febres... (convenhamos que ninguém consegue ser romântico na sala de espera da urgência pediátrica...) . 

E já agora podem tirar o cavalinho da chuva, porque ninguém vai partilhar nas redes sociais os momentos menos bons! Mas é este o grande desafio que se apresenta às famílias e que faz com que sejam perfeitas. É o momento da superação, da aceitação... somos humanos. Adoramos quando tudo está bem, mas que graça teria se estivesse tudo sempre bem? Não dávamos por isso. Só depois de passar pela tempestade é que se dá o verdadeiro valor à bonança! Nós cá por casa não andamos sempre a reboque uns dos outros, não estamos sempre de acordo, nem estamos sempre bem. Aliás quando um de nós está com o bichinho da irritação contagia os outros todos,  menos um (esse tem o papel de quebrar o gelo). 

“- O que é o jantar?

-Sei lá o que é o jantar... línguas de perguntador. Gostas?” 

(Risos e pufff.... quebrou-se o gelo!)

Ao fim de uns anos quando olhamos para trás, já com a tal maturidade percebemos que afinal vivemos um grande amor aquele que veio tomar conta do lugar daquela grande paixão. E adoramos os nossos momentos em que nos enroscamos no sofá a ver de seguida as temporadas todas da “ Anatomia de Grey” ( ou do “Dexter”) 😉

Welcome to my imperfectly perfect paradise! 

(Since 1998)


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